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O TRISTE FIM DA CASTANHEIRA

       Árvore majestosa, que cresce mais alto do que as outras árvores.  A castanha, fruta rica em vitaminas, símbolo do Pará. Fonte de renda e de alimentação do povo paraense durante séculos está desaparecendo e cedendo lugar para o agronegócio.

       No Trombetas, espero que os quilombolas ainda conservem as castanheiras que ainda sobrevivem.  No Cuminá (rio na região de Oriximiná), com o avanço da Estrada de BEC, acabaram com os castanhais para plantar capim para o gado.   Numa visita a Pacoval me deu uma tristeza de ver a destruição das castanheiras fora da Terra Quilombola. Infelizmente a terra quilombola de Pacoval é muito pequena.  Os fazendeiros não derrubam as castanheiras, derrubam a mata, tocam fogo e o fogo matou as castanheiras.

SERVE PARA FAZER PONTE

       Na Santarém/Cuiabá, no tempo dos atoleiros, quando caía uma ponte, derrubavam uma castanheira, serrava no meio e pronto, uma pinguela para passar os caminhões que iam para o garimpo.  Agora com o avanço do agronegócio, não sobrou castanheira nem para fazer pinguela.

“O QUE FAÇO PARA ACABAR COM AS CASTANHEIRAS?”

       Em Placas, existe ainda uma ou outra castanheira na beira da estrada que escapou do fogo e serve para o IBAMA ver.   Um padre no BASA escutou conversa entre dois criadores:   “O que eu faço para acabar com as castanheiras? Derrubei as pragas, mas insistem em brotar de novo da raiz.”

A DESTRUIÇÃO PROVOCADA POR BELO MONTE

       Entre as condicionantes do Belo Monte era construção de casas nas aldeias indígenas. A empresa que fez as casas na Aldeia Laranjal do povo Arara derrubou 30 castanheiras bem próximas da aldeia para fazer as casas.

       Na aldeia Apeterewa do povo Parakaná, derrubaram castanheiras para fazer casas na aldeia.  Como precisava fazer mais casas, funcionário da empresa conversou com o povo:  “As casas ficaram bonitas com a madeira das castanheiras.  Vamos fazer as outras também com a castanha”.  Agora o povo tem que ir longe para tirar castanha.

INVASORES DAS TERRAS INDÍGENAS

       A Terra Indígena Apterewa do Povo Parakaná está entre as mais invadidas do país por garimpeiros, madeireiros e fazendeiros.  Apesar de estar demarcada e homologada. Uma das condicionantes do Belo Monte: “Desintrusão (Retirado dos invasores) e regularização da terra”. Apesar de dinheiro aprovado para a desintrusão, os invasores derrubaram castanhal para plantar capim.

Pe. Patrício Brennan, SVD

(Um dos Primeiros Verbitas que começou à missão Verbita na Amazônia. Hoje ele atua na missão indigenista com o povo indígena na região de Xingu-Altamira)

Neste triênio de preparação para os 150 anos de fundação dos Missionários do Verbo Divino, com muita alegria, temos muitas histórias para contar e momentos para relembrar.

Quando fazemos memórias da atuação dos missionários do Verbo Divino precisamos lembrar que a nossa congregação foi fundada em 08 de Setembro de 1875 em Steyl (fronteira da Alemanha e Holanda) e já em 12 de março de 1895 chegavam ao Brasil os primeiros missionários desembarcando em Espírito Santo.

      Nosso Carisma é a Missão e nossa espiritualidade é trinitária, sendo assim, animados pelo Deus Uno e Trino foi que o Verbo Divino (congregação dos missionários do verbo divino) começou sua história aqui em terras de missão.

Hoje estamos presentes no Brasil distribuídos em 03 províncias e uma região que abrange 90% dos estados brasileiros.

Cada Província tem sua história particular no seu início e cada uma respondeu de sua forma o chamado de Deus para se fazer presente no meio daquele povo, em especial, naquele momento histórico. Assim também a nossa Região Amazônica tem um jeito bem peculiar de ser a caçula, embora que já caminhando para meio século.

Sabemos com certeza, que o Espírito Santo já inquietava alguns confrades já a bastante tempo, também entendemos que os gritos de socorro dos povos indígenas, ribeirinhos e originários já ecoavam em suas mentes e corações. A chegada na Amazônia não era uma aventura, era Missão, era resposta ao Chamado do Deus Uno Trino para armar a sua tenda por aqui.

E aqui chegamos! Em 26 de Janeiro de 1980 aqui chegavam os primeiros Missionários Verbitas na Amazônia: padre Chico Kom, padre José Gross e Padre Patrício Brennan. Estes foram os primeiros a desenhar o rosto verbita a mostrar a nossa identidade, os que primeiro aprenderam com este povo de uma riqueza cultural tão forte, um jeito novo de ser missionários.

Ir a máxima do nosso carisma “ir a todos os povos e nações para anunciar o evangelho” foi muito bem compreendida por estes que aqui chegaram primeiro e além dessa compreensão o entendimento de que por aqui já tinha uma história de missão e de uma caminhada de igreja com uma religiosidade contextualizada. Um povo que na sua fé sincrética celebra as suas lutas diárias, sejam elas de conquistas ou de superação.

Nossos confrades souberam iniciar a missão aqui na Região Amazônica com a paciência histórica numa postura de escuta. Suas presenças deixaram marcas e respaldos de orgulho para todos nós que trilhamos seus passos e damos continuidade na missão, missão que não é nossa, mas do próprio Jesus.

Pe. João Belarmino da Costa, SVD