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VIA-SACRA 2023 DA CIDADE DE SANTARÉM

Entre os exercícios de piedade popular com que os fiéis veneram a Paixão de Jesus poucos são tão amados como a Via-sacra, que recorda o último trajeto da caminhada percorrida por Jesus durante a sua vida terrena, sua angústia, seu sofrimento, o escárnio, sua crucificação e sepultamento. Testemunho do amor a este exercício de piedade são as incontáveis vias sacras colocadas nas igrejas, nos santuários, nas casas religiosas e em tantos lugares de nossa vasta Arquidiocese.
A Via-sacra, ou “Via Crucis”, é a síntese de várias devoções surgidas e assumidas na igreja e pelo povo fiel: a devoção às “quedas de Cristo” sob o peso da cruz; a devoção aos “passos dolorosos de Cristo” que consiste na memória do percurso feito por Cristo durante a sua Paixão; a devoção às “estações de Cristo”, isto é, a longa caminhada rumo ao Calvário expressa o desejo de Deus Pai em dialogar coma humanidade e revelar seu amor sem limites por todos nós.
Consciente desata realidade e religiosidade popular, já vivenciada na cidade de Santarém, como um forte gesto de evangelização e tomada de consciência de nossa realidade social, recordamos os passos de Jesus, mas também os passos de nossos irmãos e irmãs que carregam a cruz da fome, da exclusão, dos preconceitos e da injustiça.
Com o ardente desejo de conformar profundamente nossa vida com a Paixão de Cristo e as exigências do seguimento a Ele, pelo qual o discípulo deve caminhar atrás do Mestre, levando diariamente a sua cruz, mas também dar ênfase a morte de tantos irmãos e irmãs pelo flagelo da fome que se perpetua em nossa sociedade é que realizamos mais uma edição da Via Sacra da Cidade de Santarém, organizada pela Pastoral Urbana da Arquidiocese, que envolveu as paróquias, as Áreas e regiões pastorais, as inúmeras pastorais e movimentos existentes em nossa Arquidiocese.
Envolvidos pelos momentos de oração, cantos, dramatizações e reflexões a Via-sacra da Cidade de Santarém aconteceu de tal modo, que cada um dos participantes e a grande multidão que acompanhou, caminhou, assistiu buscou solidarizar-se e envolver-se dos sentimentos de Cristo Jesus e se abrir-se à expectativa da vida eterna, de salvação, mas também à indignação contra a injustiça social que leva milhares a morte pela negação do direito fundamental que é alimentar-se. “È Jesus mesmo que hoje e sempre nos diz: Dá-lhes vós mesmos de comer”.
Deus Uno e Trino nos abençoe e faça produzir muitos frutos de conversão em nossa vida, em nossas comunidades e em toda sociedade. Deus nos encoraja e caminha conosco. Foi assim com muita fé, devoção e compromisso cristão que aconteceu a Via sacra da Cidade de Santarém.

Pe. Arilson Lima, SVD- Pároco da Paróquia são Mateus
Coordenador da Pastoral Urbana e Carcerária da Arquidiocese de Santarém.

O TRISTE FIM DA CASTANHEIRA

       Árvore majestosa, que cresce mais alto do que as outras árvores.  A castanha, fruta rica em vitaminas, símbolo do Pará. Fonte de renda e de alimentação do povo paraense durante séculos está desaparecendo e cedendo lugar para o agronegócio.

       No Trombetas, espero que os quilombolas ainda conservem as castanheiras que ainda sobrevivem.  No Cuminá (rio na região de Oriximiná), com o avanço da Estrada de BEC, acabaram com os castanhais para plantar capim para o gado.   Numa visita a Pacoval me deu uma tristeza de ver a destruição das castanheiras fora da Terra Quilombola. Infelizmente a terra quilombola de Pacoval é muito pequena.  Os fazendeiros não derrubam as castanheiras, derrubam a mata, tocam fogo e o fogo matou as castanheiras.

SERVE PARA FAZER PONTE

       Na Santarém/Cuiabá, no tempo dos atoleiros, quando caía uma ponte, derrubavam uma castanheira, serrava no meio e pronto, uma pinguela para passar os caminhões que iam para o garimpo.  Agora com o avanço do agronegócio, não sobrou castanheira nem para fazer pinguela.

“O QUE FAÇO PARA ACABAR COM AS CASTANHEIRAS?”

       Em Placas, existe ainda uma ou outra castanheira na beira da estrada que escapou do fogo e serve para o IBAMA ver.   Um padre no BASA escutou conversa entre dois criadores:   “O que eu faço para acabar com as castanheiras? Derrubei as pragas, mas insistem em brotar de novo da raiz.”

A DESTRUIÇÃO PROVOCADA POR BELO MONTE

       Entre as condicionantes do Belo Monte era construção de casas nas aldeias indígenas. A empresa que fez as casas na Aldeia Laranjal do povo Arara derrubou 30 castanheiras bem próximas da aldeia para fazer as casas.

       Na aldeia Apeterewa do povo Parakaná, derrubaram castanheiras para fazer casas na aldeia.  Como precisava fazer mais casas, funcionário da empresa conversou com o povo:  “As casas ficaram bonitas com a madeira das castanheiras.  Vamos fazer as outras também com a castanha”.  Agora o povo tem que ir longe para tirar castanha.

INVASORES DAS TERRAS INDÍGENAS

       A Terra Indígena Apterewa do Povo Parakaná está entre as mais invadidas do país por garimpeiros, madeireiros e fazendeiros.  Apesar de estar demarcada e homologada. Uma das condicionantes do Belo Monte: “Desintrusão (Retirado dos invasores) e regularização da terra”. Apesar de dinheiro aprovado para a desintrusão, os invasores derrubaram castanhal para plantar capim.

Pe. Patrício Brennan, SVD

(Um dos Primeiros Verbitas que começou à missão Verbita na Amazônia. Hoje ele atua na missão indigenista com o povo indígena na região de Xingu-Altamira)