Arquivo mensais:julho 2025

MISSÃO EM ALTAMIRA DO PARÁ

Indígenas com Pe. Rudolfo

Nossa missão em Altamira tem uma característica que explica o Verbo Divino. Ela é com povos indígenas e com os que moram na periferia da cidade. Atualmente, tem 3 confrades atuando nessa missão: Pe. Patrício Brennan, Pe. Rudolvus Oetpah e Pe. Elly Nuga. Eles se colaborem para manter a vida missionária. Esse relato também é uma obra deles que se unificar numa linda memória da missão.

Missão Indigenista

Depois de 10 anos com os Povos Indígenas em Oiapoque e tendo Pe. Belarmino para continuar o trabalho, fui transferido para Placas na Prelazia do Xingu. O município de Placas faz limite com a Terra Indígena Cachoeira Seca do Povo Arara, povo de recém-contato. Ficava preocupado com as invasões da Terra Indígena por parte de madeireiros e vendo os caminhões carregadas de madeira saindo de vários travessões.

Em 2010, recebi convite de Cleanton e Nilda do Cimi Altamira para fazer visita nas aldeias, porque não tinha outro padre para visitá-los. Nesta viagem com Pe. Gregório, visitamos várias aldeias e fizemos mais de 70 batizados. Na Aldeia Curuá disseram que fazia 12 anos que não tinha ido padre para lá. O casal do CIMI acompanhava as aldeias.  Naquela viagem, assumi compromisso com eles para de fazer visita uma vez por ano, Deus e saúde permitindo.  Mas tinha outros povos e aldeias que também pediam visita do padre. Depois de conversa com o bispo Dom Erwin e com a Congregação, assumimos a missão entre indígenas na Prelazia. Em 2014 mudei para Altamira. Depois veio o Irmão Jorge Gabriel para somar, formando equipe de quatro pessoas da equipe do Cimi.

Quando começamos em 2010, tinha em torno de 30 aldeias. Agora são em torno de 160. Têm 9 etnias, Juruna, Kuruaia, Xipaia, Arara, Parakaná, Kaiapó, Xicrim, Araweté, Assurini, e grupos isolados, (Sem Contato com não indígenas).

Procuramos trabalhar tanto na dimensão religiosa como social, acompanhando os povos nas suas organizações, lutas, especialmente na luta pela legalização das suas terras.  O maior problema é da terra, quase todos já conquistaram a demarcação e homologação das suas terras e agora é problema de DESINTRUSÃO (retirada dos invasores). Apesar de serem oficialmente demarcadas e homologadas, continuam invadidas por madeireiros, fazendeiros e garimpeiros. No ano passado o povo Arara de Cachoeira Seca foi até as portas do Governo Federal “mendigando” o processo de DESINTRUSÃO. O termo técnico para isso é INCIDÊNCIA. Em total de 48 indígenas (mulher, homem, jovem, adolescente e criança) ocuparam os ministérios apropriados e responsáveis nesse assunto (FUNAI, MP, MJ, STF, INCRA, MPI). Foram três dias de incidência, mas até hoje as promessas ainda ficam na sala da reunião. Demoram para chegar à implementação na T. I. Povo sofre e ainda foi enganado pelas empresas que querem se enriquecer pelos projetos multinacionais. Ainda no mês passado umas empresas chegaram na T.I para pedir assinatura de legalizar o Projeto de Mercado do Carbono que leva nome REDD+.

O Irmão Jorge Gabriel teve um grande início com o povo Arara e estágio a aldeia Laranjal, mas foi convocado pela seleção Argentina e voltou para seu país.  Pe. Agostinho também somou conosco durante algum tempo, mas foi sequestrado pelo povo de Trairão.  O povo de Trairão não gostou quando o Pe. Elly veio trabalhar conosco, mas os povos indígenas gostaram e já estão tocando cavaquinho.

No ano passado o povo Parakaná teve uma grande vitória quando conseguiram a desintrusão da sua terra depois de mais de 20 anos de luta e apesar de oposição de prefeitos, deputados, ministros, senadores e governador. Tivemos a honra também do nosso Regional Pe. Leonardo para uma visita aos Parakaná.

A alegria não durou muito tempo. O povo começou a construir novas aldeias na terra que foi retomada. Mas os invasores não se conformaram e já atacaram três vezes, atirando nas casas tocando fogo nas casas e ameaçando matar todos eles.

Outra grande preocupação do momento é da Terra Indígena Cachoeira Seca do povo Arara, que os madeireiros da Transamazônica continuam invadindo e fazendeiros criando gado dentro da T.I. além de caçadores e pescadores.

São 525 anos de perseguição, massacres, desrespeito para com os povos originários.

Até quando?

 

Área Pastoral e Missão na Periferia

Com a notícia do projeto de construção da Usina Belo Monte, houve invasão de Altamira de pessoas de fora em busca de emprego.  Em pouco tempo a população passou de 80 mil para 120 mil habitantes. A cidade não estava preparada para este influxo. Ao mesmo tempo moradores de vários bairros próximos do rio foram relocados porque com a barragem as áreas ficariam inundados. Ofereceram opção para as famílias de pagamento para as casas ou casa nova nos bairros mais afastados em locais que chamavam de RUC´s (Reassentamento Urbano Coletivo). O valor oferecido pelas casas era tão miserável que não dava para comprar ou construir outra casa. O povo optou pelos RUC´s.  RUC´s Jatobá, Água Azul, São Joaquim, Casa Nova, Laranjeiras, Tavaquara etc. Pessoas que não tinham casa nem dinheiro para comprar terreno, ocupavam áreas da prefeitura para construírem as suas casas. Empresários aproveitavam para fazer loteamentos, vendendo terrenos a prazo.

Vendo a necessidade da Prelazia acompanhar o crescimento, o Dom João decidiu formar três áreas pastorais, São Domingos, que foi entregue para as Irmãs Franciscanas de Ingolstadt, Sant´Ana que foi entregue para as Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã, e Área Pastoral Pe. Frederico Tschol entregou para os Missionários do Verbo Divino. A área foi desmembrada da Paróquia N. Sra. Da Conceição Imaculada.

O padre Rodolfo que trabalhava como Pároco em Placas veio para Altamira para assumir como primeiro Administrador da Área Pastoral Pe. Frederico e foi empossado no dia 13 de maio de 2017 na comunidade Sta. Isabel, Jatobá.  (Pe. Frederico era padre dos Missionários do Sangue de Cristo, muito querido na Prelazia e que faleceu em 2016).

A área tem quatro comunidades, Sta. Isabel, Jatobá (RUC) que já tem igreja.   Água Azul, (RUC), Comunidade Nossa Senhora de Fátima, que depois de muita luta finalmente conseguiu terreno da Norte Energia para construir igreja. Paixão de Cristo, área de ocupação e que leva esse nome porque o dia da ocupação foi Sexta-feira Santa. Tem como padroeiro, Cristo Rei. A comunidade está aos poucos construindo a sua igreja.  A quarta área é Viena, Nossa Senhora Desatadora de Nós, Loteamento que já tem terreno e está preparando para construir a sua igreja.

Já têm várias lideranças nas comunidades. Já funciona o dízimo e catequese de preparação para batismo, primeira comunhão e crisma. O povo gosta de participar do terço, campanha da Fraternidade em casa, novena de Natal e fazem festa dos padroeiros. Como a maioria é pobre há frequentemente distribuição de cestas básicas.

PAROQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA – PLACAS – PARÁ

A Origem do Nome

       A Paroquia Nossa Senhora Aparecida de Placas – Pará, situa-se na Rua Nossa Senhora Aparecida, no centro da cidade de Placas. O município é situado ao oeste do estado paraense, que surgiu na década de 70, quando foi inaugurada a BR 230/Transamazônica. Após a inauguração desta rodovia, o Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER) fixou várias placas para a demarcação de trechos ao longo da rodovia, assim como o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que por sua vez também para demarcar uma reserva no Km 240 do trecho ALTAMIRA/ITAITUBA e, pois, ficaria no meio do caminho entre as duas cidades. (Reserva é área separada pelo INCRA durante a construção da Transamazônica, que não teria dono, uma área federal entre os lotes de 100 hectares de cada lado da rodovia, que mais tarde se tornaria a área urbana de Placas). As placas de demarcação, no meio do referido trecho e a já citada reserva, começaram a servir de ponto de referência para a população que já moravam ou que vinham para a região.

O Surgimento do Povoado

       Os donos de lotes vizinhos da reserva começaram a construir barracos, bem como os que chegavam na região em busca de um pedaço de terra para trabalhar e não tinham lotes, assim fixavam suas residências ao longo da BR. Ainda no final da década de 70, já contava com quase uma centena de casas e um hotel.

       A partir da década de 80, Placas, como já era assim conhecida, se tornava rapidamente uma vila às margens direita da rodovia. Vale ressaltar que Placas também era conhecida como Km 240 em referência a sua situação geográfica na BR 230. No caso da reserva do Km 240, eram dois lotes de que vem passando por acelerado processo de urbanização e crescimento populacional que reflete diretamente nas inúmeras famílias ao logo da transamazônica e comunidades das vicinais. Este fluxo migratório para a cidade se deve ao fato de que há um intenso processo de êxodo rural, pois, as famílias se dirigem à cidade em busca dos “benefícios” proporcionados pela recente urbanização, tais como: comércio, trabalhos nas empresas, lojas e prefeitura, principalmente a educação para seus filhos, tendo em vista que na zona rural do município não havia escolas suficientes para atender a demanda e o nível educacional. Invasão de pioneiros advindos do sul do país, com seus costumes e tradições.

       Logo a partir de setenta e três iniciou as pequenas comunidades ao longo da BR, por famílias que vinham de várias regiões do país. A cidade tem 30 (trinta) anos de existência, onde obteve sete mandatos de prefeitos/a. Placas passou a ser Vila de Santarém. Na época houve um Plebiscito para mudança de nome, devido a cidade se localizar na parte central do estado do Pará (Placas ou Alto Pará). Houve a votação e continuou sendo Placas. Devido o total abandono, por situar-se cerca de 300 Km da sede Santarém, a população começou a reivindicarem a emancipação política da Vila de Placas. Assim sendo em 26 de Setembro de 1996 houve o plebiscito juntamente com a primeira eleição municipal.

 

Multiplicação das Comunidades

As comunidades desde o Km. 224 até o travessão da Sessenta, pertenciam à Prelazia do Xingu (Diocese de Xingu-Altamira atualmente), sendo atendidas pela Paróquia de Uruará. Durante vinte anos essas comunidades foram assistidas pelo padre Francisco Glóry. Os padres: Oscar Fhur e Alírio contribuíram muito com as organizações dessas comunidades, enfrentando muitos desafios da missão nessa região como Sagrado coração, da 60 (sessenta), de onde vinham os comunitários desde o km 235.

Enquanto isso, as comunidades da cinquenta e nove até o Lama/Macanã, pertenciam à Diocese de Prelazia de Santarém e depois passou para a Prelazia de Itaituba e era assistida pela Paróquia de Rurópolis. Durante muito tempo essas comunidades foram atendidas pelos Franciscanos que até hoje carrega a marca como a do Frei Rainério. Até hoje esses setores da Paróquia se lembram com carinho dos Freis Emanoel e Top.

Missão e Presença Verbita

       Em meados de 90 (noventa) a Congregação do Verbo Divino assumiu a Paróquia Santíssima Trindade de Rurópolis e os vebitas continuaram atendendo as comunidades de Placas. Logo iniciou a comunidade Nossa Senhora Aparecida na cidade com construções da igreja, barracão e da casa paroquial, comunidade esta que houve vários conflitos, pois o governo da época não queria que o povo se organizasse. Dessa organização comunitária houve até prisões a fim de desestabilizar a população comunitária. A comunidade contava com a colaboração dos missionários das prelazias/paroquias da época, Xingu-Itaituba/Santarém do Verbo Divino.

       Em meio a tantos conflitos na época de 77/78, foi inaugurada a primeira igreja de Placas, com padres vindos de Rurópolis e Uruará. Os/as Leigos/as, (já participavam de encontros, CEB’s, Missões Populares e Semanas Catequéticas e Movimentos e Sindicatos (dentre elas surgiu a ideia e a necessidade da comunidade passar a ser Paróquia). Os primeiros católicos da época que contribuíram com a comunidade e Paróquia (Neide Crespam, Romeu, Isau, José Rodrigues, João Oliveira, Onir, Tatá, Osmar, Olívio, Dona Lina, Dó, Acácio, Nozinho, Chiquinho, Américo, Dona Jane, Valdo, Breno, Olivão, Selvina, Luiz Lazeres, Claudomiro, Carlito, O Delegado de Rurópolis da época Civaldo Ferreira, Isaurita, Selvina, Irani Tomaela, Avelino, Domingos, Vavá, Abílio, entre outros; ’catequistas’ Selma do Nozinho, Adelaide, Dona Nilda, Marina, Maria, Rodolfo, Isaurita). Passaram por aqui vários/as missionários/as, dentre eles/as; Pe. Oscar, Pe. Chico, Pe. Alírio, Ir. Adelina, Ir. Rosa, Ir. Terezinha Morena e Ir. Terezinha da Pastoral da Criança, contribuíram muito com Ponto de Revenda para os colonos; Daniel Capitane contribuiu muito com os Festejos e seu Domingos com a Área da igreja e Seu Vavá na mediação da área do Postinho de saúde da época, hoje é Bio Energético. Seu Rodolfo e Marinelza foram os primeiros catequistas de Crisma, onde veio o primeiro Bispo pra Placas.

Elevação a Categoria de Paróquia

       Com a criação do município de Placas e o crescimento das comunidades ao longo da estrada Transamazônica e vicinais, houve a necessidade da criação da Paróquia a fim de atender melhor os comunitários. Os primeiros passos aconteceram no dia 07 de Outubro de 2007, quando o pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Uruará repassou onze comunidades para a responsabilidade do Pároco da Paróquia Santíssima Trindade de Rurópolis Pe. Krzysztof Krzyskow, SVD (Cristóvão).

        A inscrição jurídica da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Placas da Prelazia do Xingu foi realizada no dia 10 de Dezembro de 2005 pelo Bispo Dom Erwin Kräutler. Na época o padre Blássio que atendia, voltou para Altamira e a Congregação do Verbo Divino assumiu a missão na paróquia com dois padres, Cristovão e Anthony Samy Siluvai, que a partir de 05 de Dezembro de 2005 vieram morar na Paróquia. As comunidades desde o Km. 224 até o travessão do Lama pertencem a Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Placas.

       O padre Cristóvão ficou por dois anos na paróquia e em Janeiro de 2008 foi trabalhar na fronteira da Venezuela com a Colômbia, atendendo um pedido do Generalato da Congregação. Pe. Siluvai ficou menos tempo. Com a saída do Pe. Cristóvâo, o padre Jaime Romero assumiu a Paróquia de Junho a Setembro e Pe. Sunil de Junho ao Setembro.

       Em Setembro, o Pe. Patrício Brennan, SVD, assume como pároco, onde ficou por mais de cinco anos. Na gestão dele, foi organizado um documento com assinaturas dos paroquianos para vir a Congregação das irmãs Missionários Servas do Espírito Santo, a qual foram bem aceitas pelas comunidades. Passaram por aqui as irmãs: Matilde, Madalena, Helena, Edileusa, Doroteia, Marialva, Anita, Lourdes, Maria Aparecida, Maria Lourdes e Oneide. Hoje temos a Ir. Marialva, Maria Aparecida (Cida) e Maria de Lurdes (Malu). Em Dezembro o Ir. Blasius Kindo veio somar com a missão na Paróquia. Em 2010 o Pe. Gregório veio contribuir, pois na época existia trinta e quatro comunidades. De lá para cá passaram pela paróquia os padres, Rudolvus (Rodolfo), Ir. Jorge, Pe. Aventino, Finado Pe. Clemente, Pe. Odenilson (Cid) e atualmente o pároco Pe. Antônio e o vigário Pe. João Lopo.

       A paróquia conta com sete setores, distribuídos da seguinte forma: Setor Nª Sra. de Nazaré, Setor Irmã Dorothy, Setor Frei Rainério, Setor Santo Arnaldo, Setor João Paulo, Setor Novo Jardim e Setor Guadalupe. Cada setor conta com um/a coordenador/a, que faz parte da coordenação paroquial, coordenação essa que juntamente com os padre e irmãs se reúnem de 3 em 3 meses e no final do ano em Assembleia juntamente com os/as dirigentes das comunidades.

Placas Pará – Fevereiro de 2025