Arquivo da categoria: Justiça e Paz

CIRCULOS RESTAURATIVOS REALIZADO EM AMINÃ E SÃO PEDRO NO ARAPIUNS

A equipe da ESPERE-Escolas de Perdão e Reconciliação do núcleo de Santarém realiza vários encontros nas comunidades. Assim aconteceu em julho na Comunidade de Aminã com a presença de Pe. José Boeing, Ir. Ray, Oneide, Diego, Eliana e Elza.  E na Comunidadee São Pedro no mês de setembro com a psicóloga Yara e Pe. José Boeing. Utilizamos a metodologia dos círculos restaurativos. Isto é, sabendo do conflito comunitário, reunimos as partes em separados, fazendo o pré-circulo. Isto facilita encontrar as causas do problema de convívio comunitário. Depois de ouvir todas as partes se propõe o CÍRCULO RESTAURATIVO, reunindo todas as pessoas ou grupo na roda de conversa. Nós sempre somos os facilitadores. Quem cria o conflito deve encontrar a solução. Por isso, o facilitador ou facilitadora coordena o diálogo. As cadeiras são colocadas em círculo e no centro se coloca um tapete redondo com vaso e outros objetos. Temos também o objeto da palavra que pode ser uma flor, bolinha ou símbolo do coração. Só pode falar quem tem o objeto na mão. Assim, facilita o diálogo com a prática da escuta e da fala.

Nesse sentido, queremos agradecer à Comunidade de Aminã e a Comunidade São Pedro que aceitaram que esse trabalho fosse realizado. Acreditamos que ainda tenha outros conflitos. Assim, seguimos fazendo outros círculos que aconteceu também em setembro na Comunidade Parauá no Rio Tapajós. Na semana Catequética no mês de janeiro poderemos treinar as lideranças das Comunidades a aprender a realizar essa prática.

Pe. José Boeing, svd

Arara … Mobo Odó: A História que não foi contada

Sabemos que a história do Brasil foi contada através dos séculos pelos não-indígenas, e somente recentemente começou a ser contada a história do lado dos indígenas. Os grandes massacres também ficaram escondidos. 

A história da transamazônica também foi contada a partir dos invasores e, ainda não foi contada a história do ponto de vista dos indígenas.

 O cacique Arara Mobo Odó conta a história do seu avô que foi contada pelo seu pai.

Missão Indígena

Arara…Odó: Povo Indígena

“Aí ele disse que quando era pequeno, meu pai nesse tempo falou que o pai dele (meu avô), saiu de manhã atrás de comida.  Ele foi para o mato”.

Escutaram tiros por lá, ficaram pensando:  “Será que mataram o nosso pai? ”

Aí fizeram que nem animal. Penduraram ele assim.

Partiram ele que nem animal, como tratam animal.

Cortaram ele tudinho. Pinicaram ele. Deixaram lá para outros verem”.

Na abertura da Transamazônica, o governo brasileiro fazia propaganda para incentivar o povo do sul do país a virem para Amazônia:  “Terra sem gente para gente sem-terra”.  Mas, sabiam que tinha gente, muitos indígenas. Só que não consideravam os povos indígenas como “Gente”.  A estrada passou por meio de terras indígenas. Muitos indígenas morreram.

A atual área dos Arara fica no fundo dos municípios de Uruará e Placas. Depois de muitos anos de luta, conseguiram a demarcação e homologação da sua terra, mas continua invadida e, no ano passado foi uma das Terras Indígenas mais invadidas e desmatadas do Brasil. Em geral, os agricultores das paróquias de Placas e Uruará respeitaram o limite da terra indígena, o que eles chamam de “Linha Vermelha”.  Mas, os madeireiros e fazendeiros não respeitam. Aproveitando o momento de “Passar a Boiada”, muitos madeireiros de fora vieram para saquear a terra indígena.

O povo Arara pede socorro.