SANTÍSSIMA TRINDADE NO ÍCONE ORTODOXO E BIZANTINO

Arte na igreja católica era dominada só uma linha. Após o Concílio de Nicéia em 787 essa dominação foi quebrada. A igreja católica acolheu arte da igreja ortodoxa para enriquecer a teologia. Mexe até hoje essa influência teológica na igreja católica, sobretudo na teologia trinitária. Deus Pai que é um homem barbudo, com Filho e Espírito Santo é outra imagem trinitária mais conhecida, mas iconografia bizantina explica outra parte dessa realidade trinitária numa explicação diferente sem mudar o conteúdo teológico trinitário.

Foi o Andrei Rublev que apresentou essa imagem de Santíssima Trindade.  A cena central do ícone vem do livro do Gênesis, quando Abraão recebe três estranhos em sua tenda: “O Senhor apareceu a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda, no maior calor do dia. Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra (…) Abraão serviu aos peregrinos [pães, um novilho tenro, manteiga e leite], conservando-se de pé junto deles, sob a árvore, enquanto comiam” (cf. Gênesis 18, 1-8).

            Esta imagem deixou claro a casa de Abraão no fundo, os três anjos de vestidos lindos e mais outros símbolos. O simbolismo da imagem é complexo e procura resumir a doutrina teológica da Igreja sobre a Santíssima Trindade. Primeiro: os três anjos são idênticos em aparência, correspondendo à fé na unicidade de Deus em três Pessoas. No entanto, cada anjo veste uma roupa diferente, trazendo à mente que cada pessoa da Trindade é distinta. O fato de Rublev recorrer aos anjos para retratar a Trindade é também um lembrete da natureza de Deus, que é espírito puro.

Os anjos são mostrados da esquerda para a direita na ordem em que professamos nossa fé no Credo: Pai, Filho e Espírito Santo. O primeiro anjo veste azul, simbolizando a natureza divina de Deus, e uma sobrepeça púrpura, indicando a realeza do Pai.

O segundo anjo é o mais familiar, vestindo trajes tipicamente usados por Jesus na iconografia tradicional. A cor carmesim simboliza a humanidade de Cristo, enquanto o azul é indicativo da sua divindade. O carvalho atrás do anjo nos lembra a árvore da vida, no Jardim do Éden, bem como a cruz sobre a qual o Cristo salvou o mundo do pecado de Adão.

O terceiro anjo veste o azul da divindade e uma sobrepeça verde, cor que aponta para a terra e para a missão da renovação do Espírito Santo. O verde é também a cor litúrgica usada em Pentecostes na tradição ortodoxa e bizantina. Os dois anjos à direita do ícone têm a cabeça ligeiramente inclinada em direção ao outro, ilustrando que o Filho e o Espírito procedem do Pai.

No centro do ícone há uma mesa que se assemelha a um altar. Colocado sobre a mesa, um cálice dourado contém o bezerro que Abraão preparara para seus hóspedes; o anjo central parece estar abençoando a refeição. A combinação dos elementos nos lembra o sacramento da Eucaristia.

Nós estamos celebrando domingo de Santíssima Trindade. Reflexão que fica para nós é sobre nosso Deus em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo). É uma união sem conflitos nas diferenças serviços. É uma estabilidade de amor que valorizar cada um. É uma relação sem dominação de um só. Esse Deus que nos salva, nos leva a felicidade eterna.

Por isso, vamos respeitar os outros como irmão. Fazermos justiça para todos. Feliz Domingo a todos.

            Pe. Elly Nuga, SVD

Baseado na fonte de ALETEIA

REFLEXÃO DOMINICAL: SOLENIDADE DE PENTECOSTES 2023

Caros irmãos e irmãos juntos com toda a Igreja, celebramos hoje o  dia prometido com tanto carinho por Jesus, o dia  de Pentecostes. O dia da chegada do advogado, do consolador, do defensor, do esclarecedor. Há um canto conhecido que diz: “Não há medo, incerteza ou cansaço, quando o Espirito Santo nos vem, quem temia recobra o cansaço, quem calava, proclama, porém”.

O dia citado  por São Lucas, é originalmente o dia de uma festa agrícola, no qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no século I tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do povo de Deus. Ao situar a vinda do Espirito Santo nesta festa, Lucas reconhece aí a novidade e a transformação que este evento provou na vida do povo de Deus e na comunidade dos cristãos.

Alguns símbolos importantes citados na narração de Lucas atestam esta novidade: O Vento e o fogo: remetem à manifestação de Deus no Antigo Testamento. Força irresistível de Deus que vem ao encontro do homem, como no Sinai: “Eu vi, ouvi e desci”. Outro símbolo mencionado é o das línguas: A língua é a maneira de um povo se comunicar, de estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de se relacionar, de criar comunidade. Falar outras línguas, é sair da mesmice, do costumeiro, do comodismo na maneira de pensar e fazer as coisas. É superar preconceitos, vencer o egoísmo, o racismo, o machismo, o achismo e outros males.

Assim, caros irmãos e irmãs, Pentecostes marca um antes e um depois da comunidade, ontem e hoje. Antes, tínhamos uma comunidade tímida, amedrontada, frágil, insegura e incapaz de compreender as palavras de Jesus. Os discípulos tinham medo da perseguição, medo da cruz. Pediam para Jesus ensina-los a fazer milagres como ele fazia. Não compreendiam porque Jesus dissera que eles precisariam de um advogado, de um defensor, de um consolador. Não entendiam também porque Jesus havia dito que eles se sentiriam órfãos.

Depois de Pentecostes, a comunidade se transforma. Havia alegria, simplicidade de coração. Todos eram unidos e perseverantes  na oração, na partilha. Não havia necessitados eles. Havia temor de Deus, um dos sete dons do Espírito Santo. Havia partilha. Havia prodígios. Quanto aos apóstolos, Pedro se transforma em um pregador ousado, destemido. Venceu os seus preconceitos em relação ao puro e impuro, em relação aos estrangeiros. Tiago e João que tinham mania de grandeza enfrentam, com humildade, o martírio. Quanto ao desejo de fazer milagres e curas, eles, agora, bastava a sombra deles para realiza-lo. Junto com São Paulo ficam alegres e contentes até mesmo por serem presos e açoitados por causa de seus testemunhos de fé no ressuscitado.

Naquela noite havia gente de várias partes do mundo antigo. Todos os ouviam falar em sua própria língua. Isto nos mostra que o Espirito Santo não é seletivo quanto a culturas e nações. Isto nos faz pensar nos males que os males  etnocentrismo, ou seja o fato de considerar a nossa cultura superior à outra cultura, é antievangélica.  Hoje a África, a América, a Europa, a Oceania e a Ásia, ouvem as maravilhas Deus em sua própria língua. Para São Paulo, na segunda leitura de hoje, assim como o  Espírito se manifesta  a todos os povos, ele também se manifesta a todos os ministérios representados no membros de um corpo que é Jesus, denunciando assim a hierarquia de dons e carismas na Igreja.

Irmãos e irmãs, pensemos em nossa Igreja sem a presença do Espirito Santo. Nossas reuniões seriam marcadas por desentendimentos, competição, bate bocas, desrespeitos. Seria mais uma reunião, como as tantas que acontecem por aí no mundo secular. A nossa Igreja seria apenas mais uma instituição desgovernada, discriminatória, preconceituosa, classista, hierárquica. A bíblia seria apenas mais uma livro de leitura comparada a um livro de história ou de romance ou de auto ajuda. Seriamos uma outra torre de Babel.

Portanto, supliquemos sempre os sete dons do Espírito Santo: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, e Temor de Deus., tão importantes no mundo de hoje.

Oremos “Vinde Espirito Santo enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espirito e tudo será criado e renovareis a face da terra. Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação, por Cristo Senhor nosso”.

Nossa Senhora de Pentecostes, Rogai por nós.

Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, Rogai por nós.

Pe. Luiz Aparecido, SVD